Trade Like a Stock Market Wizard

Trade Like a Stock Market Wizard

Nada como ter a oportunidade de saber como opera um trader com décadas de experiência no mercado e com um histórico regular de trades de três dígitos (128%, 155%, 220%…). Um verdadeiro guia de como encontrar ações de superperformance.

Mark Minervini é um trader reconhecidamente de sucesso. Em 1997 ele venceu o campeonato americano de investimentos (U.S. Investing Championship) e mais tarde foi um dos entrevistados por Jack Schwager, autor que tem uma série de livros dedicados a entender como os top traders alcançam seus resultados.

Em Trade Like a Stock Market Wizard, Minervini revela sua estratégia para identificar ações de empresas em crescimento, de forma a obter o que ele chama de superperformance com seus trades (na verdade ele deixa claro que pegou o termo superperformance do Richard Love).

Esse livro é indicado para traders que já tenham alguma experiência, ainda que pouca, porque não vai te explicar o que é um bull market, um IPO ou a ler um gráfico de barras.

Se você é iniciante, sugiro começar pelo post 5 livros para traders iniciantes.

Sem mais delongas, vamos seguir para os destaques!

Motivação

O livro começa trabalhando a mentalidade do trader antes de entrar nas técnicas que o Minervini usa nas operações. Então nos primeiros capítulos ele fala da importância de se comprometer com o trading e não desistir diante das perdas, tratar a atividade como um negócio e não um hobby, já que um hobby apesar de prazeroso só traz custos.

Não é aquele discurso motivacional chato, mas sim palavras para encorajar os leitores de que a superperformance é possível, desde que você tenha as ferramentas e a atitude corretas. O autor é até bem realista, explicando que muitas decisões irão contra nossos instintos naturais e que o sucesso não virá do dia para a noite.

Para ele, a maior dificuldade não está no mercado, mas sim em superar a si mesmo, o que requer um forte controle das emoções.

Aqui, podemos entrar na questão da influência do ego nas perdas que sofremos no mercado. Para Minervini, deixar um trade perdedor correr é pensar apenas no ego. Trading não é sobre provar o quão esperto você é, é sobre fazer dinheiro.

Outro ponto importante é como ele desmente aquela máxima de que fazer trading é comparável a jogar num cassino. Seu argumento é mais ou menos assim: fazer uma cirurgia neurológica sem habilidade alguma é jogo de azar puro, mas para um cirurgião treinado os riscos são ofuscados devido aos seus conhecimentos e habilidades. Para o trading é a mesma coisa.

SEPA (Specific Entry Point Analysis)

Minervini chama a sua estratégia de SEPA, que numa tradução livre seria a sigla para Análise de Ponto de Entrada Específico. De forma muito resumida, o SEPA consiste nestes cinco pontos (vou detalhar alguns deles a seguir):

  • a ação deve estar em uma tendência bem definida de alta;
  • fundamentos indicando crescimento, como faturamento, lucro e margens em ascensão;
  • algum catalisador como um produto inovador ou um novo CEO;
  • pontos de entrada técnicos;
  • pontos de saída com stop-loss ou ao identificar o fim de uma fase de superperformance.

Lembrando que estratégia é importante, mas não tão crítica quanto o conhecimento e a disciplina para aplicar suas regras e permanecer firme a elas.

Quatro estágios de movimentação do preço

No que se refere a identificar uma ação em tendência de alta bem definida, o autor destaca a ideia de separar a movimentação do preço em quatro estágios:

  1. Consolidação: nada de interessante acontece para elevar o preço da ação, então ele fica de lado por um bom tempo.
  2. Acumulação: preço em clara tendência de alta, com topos e fundos ascendentes como uma escada, movimentações de alta com forte volume e movimentações de baixa (pullback) com volume contraído.
  3. Distribuição: movimento mais errático, com alta volatilidade. Pode parecer que ainda está no estágio 2, mas na verdade o preço faz uma região de topo e segue num longo vai e vem, geralmente cruzando para cima e para baixo a média móvel aritmética de 200 no gráfico diário.
  4. Capitulação: tendência forte de baixa, com topos e fundos descendentes, picos de volume nos dias de baixa e baixo volume nas movimentações de alta (rallies).
Os quatro estágios de movimentação de preço em FFIV (F5 Networks)

Queremos comprar no estágio 2 e evitar fazer uma compra nas outras fases, especialmente no estágio 4, em que o mais indicado seria operar na ponta vendedora.

Particularmente, tenho dificuldade em identificar esses estágios só no olho, então prefiro recorrer ao modelo mais objetivo para identificar o estágio 2, que Minervini chama de Trend Template.

Trend Template

O Trend Template consiste em oito requisitos objetivos para ajudar a identificar o estágio 2 que vimos na seção anterior. São eles:

  1. o preço da ação está acima das médias móveis de 150 e de 200 dias;
  2. a média móvel de 150 está acima da de 200;
  3. a média móvel de 200 está apontando para cima por pelo menos um mês;
  4. a média móvel de 50 está acima das médias móveis de 150 e de 200;
  5. o preço da ação está acima da média móvel de 50;
  6. o preço da ação está pelo menos 30% acima da mínima das últimas 52 semanas;
  7. o preço da ação está a não menos que 25% da máxima nas últimas 52 semanas;
  8. o relative strength ranking (indicador disponível para assinantes do Investor’s Business Daily) está acima de 70.

Lembrando que não é porque a ação está no estágio 2 que podemos abrir uma operação a qualquer momento. É preciso aguardar oportunidades como quando o papel faz um descanso (pullback) antes de retomar a alta.

Outro ponto de atenção é observar se a ação tiver a maior queda diária ou semanal desde o início do estágio 2. Esse deve ser um sinal de alerta para possível venda, por mais que o balanço da empresa, a mídia e os diretores estejam otimistas.

Fundamentos

Quando falamos da SEPA, vimos que fundamentos indicando crescimento são parte da estratégia do Minervini. Mas qual indicadores devemos olhar?

Segundo ele, o importante é focar no faturamento, ou mais especificamente na evolução do lucro por ação (LPA).

Não custa lembrar que o lucro por ação equivale ao lucro líquido dividido pela quantidade de ações existentes da empresa. Geralmente fazemos esse cálculo para o período de um ano, mas também é comum calcular o LPA para cada trimestre (conforme os balanços trimestrais das empresas).

Aliado a isso, o autor defende que os motivos responsáveis por mover o preço das ações são, de maneira bem simplificada, a antecipação e a surpresa.

A antecipação é a expectativa do mercado por um anúncio de um produto revolucionário, fusão com outra empresa ou outro evento pertinente. Já a surpresa que queremos acontece quando a divulgação de resultados da companhia vem acima do esperado.

Se o lucro dos últimos trimestres veio acima do consenso, é bom sinal!

Caso os fundamentos sejam bons, assim como o contexto gráfico, vale comprar. Se o LPA começar a se deteriorar, é melhor encerrar a posição.

É claro que isso é uma forma de enxergar o desempenho da empresa. Também devemos levar em conta se ela está aumentando as vendas, aumentando os preços de produtos e serviços e cortando custos.

Estamos em busca de uma companhia de crescimento, então queremos medidas mais consistentes que apenas fechar fábricas ou demitir pessoal para ajudar a elevar o lucro, por exemplo.

Líderes do mercado

Outra maneira que o autor sugere para encontrar candidatas a superperformance é analisar como o preço se comporta durante uma queda geral do mercado, um bear market.

Ele diz para olhar papéis que se seguram bem durante a queda de um índice representativo de mercado ou que liderem o mercado, retomando antes de outras ações (fazendo fundos ascendentes enquanto o índice permanece fazendo fundos cada vez mais baixos).

Análise do gráfico

Essa foi a parte que mais gostei do livro, quando o autor dá várias orientações sobre o que é interessante observar no gráfico e alguns cuidados para não fazer operações de risco maior sem necessidade.

Não é sobre prever o que vai acontecer

Analisar o gráfico não sobre querer saber o que vai acontecer a seguir, é sobre saber o que deve acontecer. O ponto é fazer trades com um bom timing, gerenciar o risco e fazer operações em que a probabilidade de lucro é alta.

Volatility Contraction Pattern (VPC)

O padrão de contração de volatilidade é um momento de consolidação que geralmente representa um descanso antes de retomar a alta. É composto por uma base (uma linha de preço) e a partir dela temos algumas contrações no preço até que finalmente ocorre o rompimento e a continuidade da alta.

Com a imagem fica mais claro.

VPC em JBSS3

É como uma variação do padrão cup-and-handle, aquele formado (de modo geral) por duas contrações, uma grande seguida de uma menor, fazendo o padrão que lembra uma xícara e uma alça.

Minervini destaca que nesse padrão é bom que haja contração no volume na parte da base mais à direita e idealmente um aumento no volume após o rompimento.

Padrão 3C (cup completion cheat)

O 3C ocorre no padrão de cup-and-handle mais ou menos no meio do cup, quando há contração no volume e a movimentação do preço fica numa faixa estreita. Acontece antes da formação do handle e pode ser uma oportunidade de comprar mais barato antes de completar o cup-and-handle em si.

Evitar comprar após quedas fortes

Você compraria uma ação que caiu mais de 60%? Mark Minervini acha muito arriscado porque uma queda tão grande provavelmente é sinal de algum problema sério.

Para ele, bons pontos de compra aparecem em descansos saudáveis, entre 10% e 35%.

Evite ações que corrigem duas ou três vezes mais que o mercado em geral.

Evitar comprar após altas muito bruscas

É preferível evitar compras em altas muito rápidas (em V, por exemplo), pelo menos temporariamente para ter um ponto de compra com menor risco. Queremos ver uma consolidação construtiva antes disso.

Não tente adivinhar fundo

Para o autor, o tipo mais perigoso de trade é quando a ação está ameaçando fazer fundo. É tentador numa tendência de baixa a gente querer comprar ao menor sinal de reversão, mais essas regiões costumam ser bem voláteis.

Sem contar que pode acontecer uma movimentação de alta que parece a início de uma tendência altista, mas que na verdade era apenas uma pause para retomar as quedas.

Nem sempre é errado comprar topo

É normal termos medo de comprar uma ação que está fazendo topo histórico ou que está na máxima das últimas 52 semanas. Mas isso não quer dizer que o preço vai parar de subir.

Se houver bons fundamentos, boas perspectivas para a empresa, tendência forte de alta (aquele contexto de estágio 2 que vimos) e volume forte em dias de alta, o fato de fazer uma nova máxima não impede que seja uma candidata a superperformance.

Gerenciamento de risco

Em outros textos já escrevi sobre a importância de avaliar o risco-retorno, de não deixar as perdas se estenderem e de tomar cuidado com o tamanho do loss em comparação ao seu capital.

Mas para este post quero discutir por que devemos calcular a porcentagem de operações lucrativas e quanto ganhamos em média em cada trade bem-sucedido.

Imagine que sua taxa de acerto seja de 50% e que em média você ganhe R$ 500,00 por trade. Para que sua atividade como trader dê lucro, do ponto de vista estatístico as suas perdas não podem ser maiores que R$ 500,00. Nesse caso, seria recomendável trabalhar com losses menores, equivalentes a metade do gain médio, por exemplo.

Seja como for, é bom que a gente mantenha nossos losses menores que os nossos gains. Conforme formos ficando melhores como traders, o tamanho do gain médio tenderá a aumentar. Mas para chegar nesse patamar, é crucial ter a disciplina de cortar as perdas.


Portanto, pessoal, deixo registrada minha satisfação ao ler esse livro. Gostei demais como o Minervini conta sua estratégia sem enrolação e procura dar o máximo de orientações possíveis para que a gente não cometa os mesmos erros que ele cometeu ao longo da carreira.

Ele me ajudou demais a ver o gráfico com outros olhos e a procurar oportunidades com potencial de dar um lucro bem grande, digno de superperformance.

DISCLAIMER SOBRE SEÇÕES COM DIVULGAÇÃO DE PRODUTOS DA AMAZON: o conteúdo exibido neste site é originado da Amazon. Este conteúdo é exibido como se encontra (‘as is’) e poderá ser modificado ou excluído a qualquer momento.
DISCLAIMER LINKS AFILIADOS: o Leituras do Trader (leiturasdotrader.com) participa de plataformas/programas de afiliados como Programa de Associados Amazon e Hotmart. Ao adquirir livros e outros produtos pelos links afiliados deste site, o Leituras do Trader receberá uma comissão. Isso é uma forma de contribuir para o Leituras do Trader e não custará nenhum extra a você.
ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE: os textos deste site não representam recomendações de compra nem de venda de ativos financeiros. As ideias divulgadas aqui têm fins educacionais/informativos. O site Leituras do Trader e seus administradores não se responsabilizam pelas decisões de investimento/especulação de seus leitores.