Fora da Curva 2

Fora da Curva 2

No segundo livro da série Fora da Curva, temos mais histórias e conselhos de figuras importantes para o mercado financeiro do Brasil.

Quando terminei a resenha do Fora da Curva 1, lá em 2019, escrevi que estava na torcida por um Fora da Curva 2 — edição que veio a ser publicada alguns meses depois, no início de 2020.

Finalmente tive a oportunidade de ler esse segundo livro da série! Lembrando que a ideia dos "Fora da Curva" é reunir histórias e aprendizados de entrevistas com grandes empresários, investidores ou gestores. Cada capítulo é dedicado a uma dessas personalidades.

Assim como na resenha do primeiro livro, não vou focar em explicar quem é quem. Vou destacar o que achei mais legal no capítulo de cada um e, quando possível, fazer um paralelo com o trading. Vamos!

André Street

Seja obsessivo em avaliar riscos e entender o que eles podem causar. André Street falou isso no contexto de estar atento às fraquezas de uma empresa e como a concorrência pode prejudicá-la.

Levando pro ponto de vista dos traders, de que forma uma perda te prejudica? É fundamental saber o que você vai fazer se uma operação der errado e não se arriscar demais.

Arminio Fraga

O Arminio Fraga também disse uma coisa interessante que tem a ver com gestão de risco:

(...) a liquidez que importa não é a do dia a dia; é a que você terá num momento de extrema tensão.

Ou seja, se houver uma crise ou outra situação desesperadora nos mercados, você acha que será tranquilo stopar sua posição? Tem que levar em consideração a dificuldade maior de negociação em circunstâncias extremas. Isso é parte do risco das suas operações.

Arthur Mizne

O que é mais importante para avaliar um trader: o desempenho que ele teve no passado ou o seu perfil de operador (as estratégias que utiliza, como se comporta em diferentes cenários, qual duração prefere para suas operações)?

No que diz respeito a avaliar gestores de fundos, Arthur Mizne acha que "o resultado (...) é consequência do perfil da pessoa" e que "Isso [o perfil da pessoa] é muito mais importante do que a performance e a volatilidade".

Guilherme Benchimol

No capítulo do Guilherme Benchimol, ele vai contar a história da XP e um pouco da sua rotina de empresário.

Ainda em relação ao que vimos na seção anterior — que resultados favoráveis são consequência de atitudes adequadas —, veja o que ele fala:

O que nos move é o desejo de construir a maior e a melhor empresa de investimentos do Brasil. É claro que ganhar dinheiro é importante — mostra que estamos indo na direção certa —, mas é uma consequência, não um fim.

E o seu propósito, qual é? Ser um bom trader ou ganhar dinheiro?

Henrique Bredda

Gostei quando o Henrique Bredda falou sobre a paciência.

Disse que certa vez ele fez a análise correta, mas não conseguiu segurar a ação em um momento mais complicado para a empresa em que investia.

Sem paciência, muitas vezes encerramos uma posição antes da hora e limitamos os ganhos.

Leonardo Linhares

De volta ao assunto gestão de risco, Leonardo Linhares reconhece que quando comete muitos erros nos investimentos em ações é porque provavelmente não está lendo o mercado corretamente.

Aqui, vale procurar operações de menor risco e aprender com as falhas.

Márcio Appel

Já falamos em outras resenhas aqui do site como a atitude de assumir responsabilidade é valiosa para os traders.

Veja a citação do Márcio Appel que segue justamente essa linha:

O mundo não está contra você; não existe uma conspiração; se alguma coisa deu errado na sua vida — ou não saiu como planejado —, não fique procurando os culpados, porque a culpa é sua.

Martin Escobari

Interessante quando o Martin Escobari comenta sobre o uso de checklists para tomar melhores decisões de investimento. Basicamente, ele avalia critérios objetivos para definir se um negócio é bom ou não.

Ele até cita o Daniel Kahneman, que no Rápido e Devagar até explica a importância do uso de checklists para minimizar os erros.

Aqui, eu só conseguia pensar na semelhança de checklists com trading systems, que nada mais são do que critérios pra definir se você deve entrar em (ou sair de) um trade ou não.

Mauricio Bittencourt

No capítulo do Mauricio Bittencourt, gostei da ideia de entender a cultura das empresas para encontrar boas oportunidades de onde investir.

Uma empresa cuja cultura é correr pouco risco, evitar conflitos e não inovar dificilmente vai crescer muito. (...) Por outro lado, uma empresa formada por pessoas ambiciosas e capazes, que estão o tempo inteiro tentando melhorar, pode se tornar muito grande.

Patrice Etlin

Pra mim, o melhor do capítulo do Patrice Etlin não são nem os insights, mas os casos de sucesso do fundo de private equity em que trabalha. O objetivo do fundo é fazer aportes em empresas que não têm capital aberto (não estão na bolsa), ajudando-as a profissionalizar a gestão e a criar mais valor.

Gostei do exemplos de empresas conhecidas da nossa bolsa, como Totvs (ex Microsiga), Cogna (ex Kroton) e Lojas Quero-Quero.

Paulo Passoni

Mesmo defendendo que trading não dá dinheiro, salvo alguma exceções, o capítulo do Paulo Passoni foi um dos melhores.

Foram muitas ideias legais, mas destaco a preferência dele por investir em poucos ativos. Ele explica que isso diminui a ansiedade, deixando-o mais convicto para aproveitar oportunidades realmente interessantes. Sem essa convicção, é melhor não fazer nada e aguardar a chance de aparecer algo que valha mesmo a pena.

Roberto Vinhaes

O Roberto Vinhaes conta vários casos de investimentos que deram certo e outros que deram errado.

Mas este abaixo me chamou bastante a atenção.

Veronica Allende Serra

Para terminarmos, vou deixar esse parágrafo em que a Veronica Serra resume uma de suas experiências de trabalho mais importantes:

Durante meu MBA tive dois summer jobs, trabalhando nas dezoito semanas de férias naquele verão de 1996. Um emprego foi no banco Goldman Sachs, na área de renda fixa, e outro como assistente de Joe Steinberg, que era presidente da gestora Leucadia, cuja especialidade era investir em empresas em crise, ajudar a reestruturá-las e vendê-las. A Leucadia era pouco conhecida, mas muito respeitada por seu histórico de retorno acima de 40% anuais ao longo de vinte anos. Foi a minha grande escola e moldou como avalio investimentos: aprendi a importância da análise profunda do ativo e de seus gestores, do contexto de uma transação, da forma de negociação, da paciência infinita, da resiliência, da necessidade de agregar valor e monitorar o ativo de perto, de ter conhecimento relevante antes de emitir uma opinião, de como decisões são tomadas, do conflito entre razão e paixão em uma transação e, mais que tudo, da relevância do preço de entrada. A Leucadia procurava o que não era óbvio. O complicado não assustava, pois, como meu chefe dizia: “Se é complicado, haverá pouquíssimas pessoas olhando e, portanto, menos concorrência”.

Chegamos ao fim da resenha do Fora da Curva 2 já sabendo que existe um Fora da Curva 3 publicado. No entanto, essa 3ª edição da série é apenas com líderes de start-ups/empresas brasileiras inovadoras de muito sucesso.

Como o foco não é com gestores ou investidores, acho que foge um pouco do tema aqui do site. Quem sabe um Fora da Curva 4?

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