Fora da Curva

Fora da Curva

Já imaginou conversar sobre a bolsa de valores com alguns dos investidores e gestores profissionais mais bem sucedidos do Brasil? Essa foi a sensação que tive ao ler Fora da Curva, dos organizadores Florian Bartunek, Giuliana Napolitano e Pierre Moreau.

Conforme aumentamos o nosso conhecimento sobre investimentos em bolsa de valores, em algum momento esbarramos nos conselhos, opiniões e aprendizados de gestores de fundos.

Fora da Curva, reúne os depoimentos de 10 grandes investidores, que contam sobre suas carreiras e experiências no mercado financeiro.

Acredito que o currículo e a biografia dos entrevistados sejam informações fundamentais para entendermos o modo de pensar desses gestores, mas não darei foco nessa parte. Nesta resenha, veremos o que considerei como o principal aprendizado de cada uma das entrevistas, em relação ao investimento em ações.

Boa leitura!

André Jakurski

No capítulo de André Jakurski, me chamou a atenção a orientação de sempre analisar quais são as probabilidades de ganhar e perder dinheiro de acordo com diferentes cenários. Tentar prever o que vai acontecer não adianta — temos que nos adaptar.

Isso vai muito em linha com o que Mark Douglas afirma em Trading in the Zone, de que não precisamos saber o que vai acontecer a seguir para ganhar dinheiro. O que precisamos é pensar em termos de probabilidade.

Antonio Bonchristiano

Entre as recomendações de Bonchristiano está a de aprender com seus erros de investimento para ficar longe deles no futuro. Se até gestores de fundos cometem erros, em algum momento a gente vai investir num ativo que irá desvalorizar.

Sendo assim, reconheça quando estiver errado e desfaça-se de um mau investimento o mais rápido possível. Isso lembra bastante um d’Os Axiomas de Zurique, que fala sobre os perigos de permanecer na esperança de um investimento ruim dar certo.

Florian Bartunek

As principais características que Florian usa para identificar uma boa empresa na qual pretendemos investir comprando ações são:

  • Apresenta barreiras de entrada (explico o que são barreiras de entrada logo em seguida)?
  • Quem são os empresários e executivos à frente da empresa?
  • Há potencial de crescimento, previsibilidade e consistência?

Barreiras de entrada nada mais são que obstáculos que acabam funcionando como freios para conter a entrada de novos concorrentes. Se, por exemplo, toda empresa de produtos químicos precisar obter diversas autorizações e passar por uma série de inspeções antes de começar as atividades, temos aí uma forte barreira para novos entrantes.

Sendo assim, verifique o market share da empresa. Aquelas que dominam fatias consideráveis provavelmente atuam em um mercado com alta barreira de entrada.

Depois, devemos analisar a reputação dos donos e líderes. Antes de confiarmos na gestão, precisamos saber mais sobre o histórico daqueles que estão à frente da empresa e entender o quão atuantes eles são dentro da organização.

Por fim, estude o modelo de negócios das empresas. Prefira aquelas com perspectivas interessantes de crescimento e receitas previsíveis.

Guilherme Aché

No capítulo de Guilherme Aché, ele explica a importância da disciplina em manter um ativo até ele chegar no alvo que você estipulou com sua análise. Isso pode levar horas, dias, ou quem sabe anos.

Sendo assim, se a empresa permanece com bons fundamentos, não é para vender na primeira queda que presenciar. Nesses casos, o ideal seria comprar para aproveitar a oportunidade de preços mais atrativos.

Guiherme Affonso Ferreira

Ao investir em uma empresa, não é preciso ser um especialista no setor em que ela atua. Segundo Guilherme Affonso Ferreira, o que é necessário é ter um conhecimento que faça a diferença.

Por exemplo, apesar de o entrevistado não ter conhecimentos profundos sobre o mercado imobiliário, ele faz investimentos em incorporadoras.

José Carlos Reis de Magalhães Neto

Zeca Magalhães começou a investir em ações desde muito cedo, com 16 anos. Ainda jovem, perdeu todo o seu dinheiro em derivativos e, para cobrir os prejuízos, teve que vender o carro que havia acabado de ganhar por passar para a faculdade.

Por isso, para ele é importante ter em mente que não podemos ter pressa para ganhar dinheiro. Temos que tomar cuidado com estratégias de alto risco que visam conseguir um retorno elevado em pouco tempo.

Luiz Fernando Figueiredo

Muito se fala sobre aproveitar oportunidades durante períodos de crise, como comprar ações que ficaram muito baratas. Mas Luiz Fernando Figueiredo alerta que nem toda ação que passou por forte queda é uma boa opção de investimento.

É preciso entender por que elas ficaram tão baratas. Pode ser que o risco seja alto demais, como quando a empresa está perdendo receita ou quando o endividamento fica muito elevado.

Luis Stuhlberger

Stuhlberger destaca que devemos estudar muito o mercado para aprender a identificar desequilíbrios de preço. Assim, encontramos bons momentos para investir e evitamos comprar na alta e vender na baixa.

Além disso, ele sugere conhecer mais sobre o ciclo do mercado. O entrevistado afirma que gestores de fundos precisam acompanhar os caminhos que a economia tende a tomar — em termos de taxa de juros, câmbio, desemprego, inflação etc. — e como isso pode interferir nas empresas.

Meyer Joseph Nigri

Meyer Nigri, fundador da incorporadora Tecnisa, disse que prefere ganhar dinheiro com imóveis via títulos de renda fixa, como LCIs e CRIs, do que comprar imóveis de fato. Mas isso foi em um cenário em que a taxa de juros no Brasil ainda estava elevada.

Ele explica que em um contexto de juros baixíssimos a situação já é diferente. Talvez fosse interessante comprar um imóvel nesse caso, desde que o retorno esperado da revenda ou da renda do aluguel fosse mais atrativo que as aplicações conservadoras citadas, e compensasse o risco.

Pedro Damasceno (in memoriam)

Para Pedro Damasceno, o bom senso é mais importante aos investidores do que qualquer outra coisa. Não podemos nos deixar levar pelos sentimentos, comprando na euforia ou vendendo no desespero.

Fazendo o mínimo necessário para evitar grandes erros, como escolher ações de boas empresas e separar capital para investimentos de longo prazo, colocamos o tempo a nosso favor e tendemos a ficar longe de maiores problemas.

Aliás, 3 dos principais pontos que Damasceno analisa antes de investir em uma empresa são:

  • resultados;
  • estratégia e qualidade do negócio (estudo dos riscos envolvidos, facilidade de o negócio se manter rentável ao longo do tempo, concorrência, características do setor, entre outros aspectos);
  • pessoas envolvidas na gestão.

Se você gostou desses insights, certamente aproveitará os aprendizados de Fora da Curva, que conta com ótimas notas de rodapé para enriquecer o texto e auxiliar o leitor — em especial o menos experiente.

Inclusive, ao final de cada capítulo os organizadores resumem o que o entrevistado considera mais relevante para fazer bons investimentos e listam as indicações de seus livros favoritos (veja abaixo uma imagem com essas indicações).

Tudo isso só faz aumentar a minha torcida por um Fora da Curva 2. E você, o que achou? Se quiser fazer algum comentário, pode me chamar no Twitter em @ThiagoXavierLT!

Sugestões de leitura dos entrevistados no livro Fora da Curva 1.
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