Trading in the Zone

Trading in the Zone

Em Trading in the Zone, Mark Douglas (1948 – 2015) mostra que o sucesso como trader está relacionado principalmente à atitude mental quanto ao trading. Por mais que a técnica seja importante, ela não será determinante para a sua consistência.

A ideia central do livro é desenvolver a confiança e a disciplina para fazer o que precisa ser feito (entrar na operação quando os sinais que você estipulou são favoráveis, sair da operação quando o movimento vai contra o esperado, entre outras atitudes), sem hesitar, dando atenção às oportunidades e não aos medos.

O autor trabalha isso em diversos exemplos e mostra os paradoxos inerentes ao trading. E é justamente nessas contradições que vamos focar esta resenha. Confira!

De fato, se tivesse que escolher uma palavra que sintetizasse a natureza do trading, ela seria paradoxo.

Realizar uma atividade arriscada versus aceitar o risco

Atuar como trader é arriscado, porque não existe garantias de que as nossas operações darão certo. Porém, não é todo trader que aceita que o resultado de qualquer trade é incerto. Também não não é todo trader que está disposto a arcar com as consequências de um movimento do preço na direção contrária.

Segundo Mark Douglas, correr risco é diferente de aceitar o risco. Os melhores traders abraçam o risco e não hesitam em abrir uma posição ou em fechá-la, independentemente de estarem lucrando ou perdendo.

À medida que não aceitamos o risco, tendemos a evitá-lo. O problema é que evitar algo que é inevitável só vai atrapalhar o seu sucesso.

Aprender a aceitar o risco é uma competência de trading — a mais importante competência que podemos aprender.
Aceitar o risco significa aceitar as consequências dos trades sem desconforto emocional ou medo.

Medo saudável versus ausência de medo

Podemos pensar que um pouco de medo é saudável para fazer bons trades, afinal, ele nos ajuda a ficar longe de situações que possam trazer prejuízos. Porém, Trading in the Zone nos mostra que o medo age sobre a nossa percepção do mercado, e a tendência é que aquilo que tememos acabe de fato acontecendo.

Quando temos medo, em vez de darmos atenção aos sinais de uma boa oportunidade, acabamos procurando motivos pelos quais aquele trade provavelmente não vai dar certo.

Segundo Douglas, a grande maioria dos erros de trading têm origem nestes quatro medos:

  • errar;
  • perder dinheiro;
  • perder uma oportunidade;
  • realizar um negócio menos vantajoso do que o esperado.

Então, para ter consistência no trading, é preciso trabalhar a atitude mental para não cometer imprudências e não sentir medo ao abrir e fechar posições.

Se por um lado é bom que um trader experiente não tenha medo, por outro, para um trader iniciante pode ser desastroso. Começar na atividade de trading sem medo, com excesso de confiança e sem preparar o emocional é a combinação ideal para tomar decisões insensatas.

Deixará de estar à mercê dos erros motivados pelo medo que resulta de uma atitude de encontrar desculpas, distorcer informações inconscientemente, hesitar, agir precipitadamente ou ter esperança. Quando os seus medos tiverem desaparecido, simplesmente deixará de haver razões para cometer erros destes e, consequentemente, praticamente desaparecerão dos seus trades.

Liberdade versus regras

Ser trader permite que você não tenha chefe, trabalhe sem sair de casa e faça o seu horário. Essas e outras possibilidades que o trading proporciona podem gerar a sensação de total liberdade para operar como bem entender, mas não é assim que deve ser.

Precisamos criar regras para planejar nossos trades e gerenciar muito bem o financeiro. Respeitar o setup — sem fazer trades aleatórios —, também tem que ser um compromisso.

Além disso, para usufruir dessa liberdade à qual nos referimos, devemos assumir a responsabilidade pelas nossas operações. É fácil assumir a culpa de uma operação vencedora, mas quando acontece uma perda, culpamos o mercado, a política, o mau tempo etc.

Nós decidimos quando entrar e quando sair. É claro que há muitas possibilidades no caminho (colocar stop, colocar stop móvel, colocar objetivo, sofrer zeragem da corretora etc.), mas o fato é que somos responsáveis pelas consequências dessas decisões.

Então, assuma seus erros quando eles ocorrerem e procure sempre tirar um aprendizado disso.

Temos de ser rígidos nas nossas regras para adquirirmos uma sensação de autoconfiança que nos proteja num ambiente com poucos limites, se é que tem alguns. E temos de ser flexíveis nas nossas expectativas para podermos perceber, com o maior grau possível de lucidez e objetividade, os sinais do mercado.

Excesso de confiança versus confiança

Aceitar o risco, não sentir medo e seguir as regras que nós mesmos estabelecemos requer muita autoconfiança para fazermos o que a nossa análise indica, sem hesitar. O que não podemos deixar é que o excesso de confiança gere a impressão de que dominamos o mercado, que não há nada a temer, que é muito fácil ganhar dinheiro.

Isso pode acontecer quando temos uma sequência de trades vencedores, mas devemos considerar que, estatisticamente, em algum momento, a movimentação irá contra nós. Então, quem não tiver o devido controle, eventualmente terá que lidar com uma grande perda.

Para um trader, ganhar é extremamente perigoso se não tiver aprendido a controlar a si mesmo.

Aprender sobre o mercado versus aprender a pensar como trader

Aprimorar as técnicas de análise do mercado é essencial para saber identificar oportunidades, mas o que dará resultados sustentados é a atitude.

Por maior que seja o seu conhecimento sobre o mercado, a verdade é que não há como saber o que vai acontecer.

Portanto, é a atitude que vai evitar que você tenha grandes perdas. É a atitude que evitará que os ganhos subam à cabeça. É a atitude que vai evitar que você opere com base no medo.

Por atitude, o autor se refere a um estado mental. Trata-se de uma maneira de pensar com as convicções corretas, que começam por aceitar o risco e passam por assumir a responsabilidade, entender a importância de livrar-se do medo e outras que já vimos e que veremos ao longo do texto.

Lembrando que não basta ter consciência dos fatores necessários para adquirir consistência no trading. Não adianta ler Trading in the Zone e achar que seus problemas estão resolvidos. Tem que se livrar dos medos e acreditar profundamente naqueles conceitos, e não apenas concordar com eles.

Uma coisa é aprender a fazer dinheiro, outra coisa é saber manter esse dinheiro.

No entanto, a análise de mercado não é o caminho para obter resultados sustentados. Não irá resolver os problemas de trading criados pela falta de confiança, pela falta de disciplina ou pela dispersão de pensamentos.

Convicção sobre o que vai acontecer a seguir versus incerteza

A convicção de um trader que acha que fez uma análise perfeita do mercado e que sabe exatamente o que vai acontecer a seguir pode custar caro. Fazer uma leitura impecável daquilo que está acontecendo agora ou no passado não garante que você consiga fazer previsões infalíveis.

O fato é que, no mercado, tudo pode acontecer. Assim, o que precisamos é pensar em termos de probabilidade.

Ou seja, temos que ter em mente que não é necessário saber o que vai acontecer a seguir para ganhar dinheiro. Quando, na nossa avaliação, a probabilidade de acontecer o que a gente quer é maior do que aquilo que a gente não quer, temos uma oportunidade e a chance de aproveitá-la.

(…) o trader comum não predefine o seu risco, não reduz as suas perdas e nem realiza ganhos sistematicamente, porque o trader comum não acredita que tal seja necessário. A única razão por que acredita que não é necessário é que acha que já sabe o que vai acontecer a seguir, com base naquilo que observa estar a acontecer agora. Se já sabe, então não há realmente qualquer razão para aderir a esses princípios. Acreditar, partir do princípio ou pensar que sabe será a causa de praticamente todos os erros de trading que pode cometer (com exceção daqueles que são o resultado de não acreditar que merece o dinheiro).

Todo esse conhecimento que o Mark Douglas transmite vem de anos atuando na organização de seminários de psicologia de trading e na orientação de traders que querem melhorar seus resultados. Essa experiência torna as ideias apresentadas no livro ainda mais valiosas.

Vale destacar que os equívocos e convicções erradas dos quais Douglas trata no texto talvez não fiquem muito claros para quem está começando agora. Então, acredito que ter uma noção de como você se sente ao fazer trades, além de contar com uma base de análise técnica e gerenciamento de risco — por menor que seja — seria o ideal antes dessa leitura.

Curtiu a resenha? Então não deixe de conferir no princípio do post o vídeo que fiz sobre o livro!

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