Análise Técnica dos Mercados Financeiros

Análise Técnica dos Mercados Financeiros

Nem todo trader precisa da análise técnica para fazer as suas escolhas de investimento, mas é fato que muitos usam essa ferramenta para ganhar dinheiro. Veja os diversos métodos e conceitos que Flávio Lemos trata nesse livro que é referência sobre o tema.

Os traders têm diversas ferramentas à disposição para ajudá-los a tomar as suas decisões. Entre elas está a interpretação do comportamento do mercado — principalmente com o auxílio de gráficos e indicadores —, com a finalidade de antecipar o movimento dos preços: a análise técnica.

Esse é o tema do livro de Flávio Lemos, analista com o Chartered Market Technician (CMT), designação máxima da análise técnica de investimentos no mundo. A obra faz parte da bibliografia oficial da APIMEC, a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais.

Entre outras funções, essa instituição é a responsável por emitir o Certificado Nacional do Profissional de Investimento (CNPI) para analistas com a qualificação necessária para atuar no mercado financeiro do Brasil.

Agora que já fizemos as devidas apresentações, vamos aos destaques que você encontra neste livro.

1. Teoria de Dow

Charles Dow (1851 — 1902), fundador do The Wall Street Journal, ficou conhecido principalmente devido às suas análises do mercado financeiro como editor do jornal. Seus escritos, reunidos mais tarde por William Hamilton (1867 — 1929), formam o que viria a ser chamada de Teoria de Dow, que é a base da análise técnica.

Algumas das suas ideias são:

  • enquanto o preço forma topos e fundos ascendentes, estará em tendência de alta;
  • enquanto o preço forma topos e fundos descendentes, estará em tendência de baixa;
  • as médias descontam tudo, ou seja, as médias indicam o comportamento combinado dos investidores, levando em conta informações disponíveis, notícias, rumores, balanço de empresas, entre outros;
  • a tendência é confirmada pelo aumento do volume de negociações;
  • a tendência é válida até que haja sinais de reversão, quando em uma tendência de baixa o preço de fechamento fica acima de um topo anterior ou em uma tendência de alta o preço fica abaixo de um fundo anterior, por exemplo;
  • existem três classificações de tendência: a tendência primária é de longo prazo (dura mais de um ano), a tendência secundária é de médio prazo (dura entre três semanas e um mês) e a tendência primária é de curto prazo (dura menos de três semanas e inclui movimentos que ocorrem no mesmo dia).

2. Candlesticks

Há diversas maneiras de visualizar as oscilações do mercado via gráfico. Os gráficos de linha, de barra e renko são alguns exemplos, mas o que costumamos ver em análise técnica é o gráfico de velas ou candlesticks.

A sua invenção é atribuída ao comerciante de arroz Munehisa Homma (1724 – 1803), que atuava na bolsa de arroz de Dojima, em Osaka, no Japão. Munehisa sabia analisar a movimentação do preço do arroz, procurava estudar os aspectos psicológicos dos investidores e foi um excelente trader já no século XVIII.

Sim, os candlesticks têm mais de 200 anos!

Em comparação ao gráfico de linha, o gráfico com candlesticks mostra mais informações. Enquanto o primeiro só mostra o preço de fechamento do ativo no “dia”, o segundo demonstra os preços de abertura, fechamento, máximo e mínimo.

Imagem de um candle de alta
Imagem de um candle de baixa

Lembrando que a formação do candle em um “dia”, nesse caso, foi apenas uma força de expressão. Nas plataformas de negociação podemos escolher o tempo gráfico em que os candles se formam (1 minuto, 5 minutos, 15 minutos, 60 minutos, 1 dia, 1 mês etc.).

Já comparando o gráfico de barras com o de candles, os candlesticks oferecem uma clareza muito maior, facilitando a interpretação.

Gráfico de candlesticks da ação ITSA4, em que cada candle representa a movimentação em um dia, durante um período de meados de março de 2019 a meados de agosto do mesmo ano.

Outra propriedade que é importante levar em conta nos gráficos é a escala. Algumas plataformas gráficas só têm a escala linear (também chamada de escala aritmética), mas se a sua disponibiliza a escala logarítmica, isso pode facilitar bastante suas análises em termos de rentabilidade — todos os gráficos deste post estão na escala logarítmica, por sinal.

Eu explico melhor a diferença entre a escala linear e a escala logarítmica neste vídeo:

3. Conceitos de tendência

A Teoria de Dow já nos oferece algumas ideias de como identificar a tendência — a direção para a qual o mercado está movendo os preços —, mas utilizando os candles e outros conceitos em conjunto, essa análise fica ainda mais clara.

Linhas de tendência

A linha de tendência de alta (LTA) é uma linha que une, no mínimo, dois fundos ascendentes. Já a linha de tendência de baixa (LTB) une, no mínimo, dois topos descendentes.

Quanto mais toques você conseguir fazer nos fundos ou nos topos ao desenhar a linha, maior será a força daquela linha de tendência.

Linha de Tendência de Alta no gráfico de 15 minutos da ação RENT3.
Linha de Tendência de Baixa no gráfico de 30 minutos da ação SUZB3.

Suportes e resistências

Ao observarmos fundos em que a força compradora impede que a tendência de baixa continue, temos suportes. Já quando identificamos topos em que a força vendedora impede a continuação da tendência de alta, temos resistências.

Podemos representar o suporte como uma linha que interliga alguns fundos e a resistência como uma linha que liga alguns topos. Lembrando que linhas horizontais, linhas de tendência ou até mesmo médias móveis podem fazer papel de suportes e resistências.

Inclusive, há analistas que definem que suportes e resistências podem ser regiões em que o preço tem dificuldade de ultrapassar.

Média móvel exponencial atuando como suporte no gráfico de candles de 60 minutos da ação MGLU3. Repare como o preço tem dificuldade em se manter abaixo da média móvel.

Rompimento

Quando o preço ultrapassa um suporte ou uma resistência, temos um rompimento. Depois desse evento, costuma acontecer a chamada bipolaridade: um suporte rompido passa a atuar como resistência ou uma resistência rompida passa a atuar como suporte.

Gap

Os gaps são intervalos de preço em que não houve negociação. Geralmente ocorrem de um dia para o outro, ou seja, entre o fechamento do mercado e abertura no dia seguinte.

Eles podem indicar que algo importante aconteceu, como a divulgação de uma notícia ou ocorrência de um problema que afeta o ativo diretamente. Enfim, é um indicativo de que houve uma mudança na expectativa dos investidores.

Quando ocorre um descolamento muito grande do preço para baixo — um gap de baixa — pode ser que o mercado demonstre força vendedora. Quando acontece o contrário — um gap de alta — talvez a força compradora esteja mais evidente.

Aliás, há quem diga que os gaps têm a tendência de ser preenchidos, mas nem sempre isso acontece.

Se, por exemplo, o mercado perceber que uma notícia relacionada a determinado ativo não passa de um rumor, faz sentido que o gap formado devido a essa notícia seja fechado.

Mas e se o preço estiver com forte tendência e o gap se formar nessa direção? Provavelmente ele não será preenchido com facilidade.

Contudo, esse tipo de análise nunca pode ser feita isoladamente. Utilize outras evidências para embasar a sua análise, como os padrões gráficos que veremos a seguir.

Gap expressivo no gráfico de candles diários da ação QUAL3.

4. Padrões gráficos

Os padrões gráficos são formações que, quando ocorrem, demonstram que há uma probabilidade favorável de a tendência continuar ou se reverter. É interessante que o autor inclui um ranking de desempenho dos padrões, de acordo com um estudo de Thomas Bulkowsky, publicado no livro Encyclopedia of chart patterns.

Listo alguns desses padrões gráficos abaixo.

Padrões de continuação

  • Triângulo
  • Bandeira
  • Flâmula

Padrões de reversão

  • Ombro-cabeça-ombro (OCO)
  • Ombro-cabeça-ombro invertido (OCOI)
  • Topo triplo
  • Fundo triplo
  • Topo duplo (M)
  • Fundo duplo (W)

5. Ondas de Elliott

As ondas de Elliott se baseiam nos estudos de Ralph Nelson Elliott (1871 — 1948), que concluiu que o mercado segue uma certa harmonia para a movimentação dos preços. Assim, conseguimos identificar um padrão de cinco ondas de avanço, denominadas como ondas 1, 2, 3, 4 e 5, seguidas das ondas de correção, denominadas como ondas A, B e C.

Eu, particularmente, não lido bem com ondas de Elliott, mas entendo que é mais uma ferramenta importante de análise técnica para o trader examinar o mercado e definir boas entradas e saídas.

6. Indicadores

Podemos definir os indicadores técnicos como fórmulas ou cálculos feitos a partir dos dados de preço, volume, tempo e até mesmo de outros indicadores.

Estudar os indicadores é uma excelente maneira de entender melhor como o mercado funciona e como podemos simplificar o entendimento daquilo que a movimentação dos preços pode nos dizer.

Lembrando que isso não significa que devemos usar diversos indicadores ao mesmo tempo. Como eles servem para ajudar o trader a tomar decisões, o ideal é escolher apenas alguns, testar como se comportam com a sua estratégia e usá-los na prática para os seus trades.

Vale lembrar também que os indicadores não são infalíveis e o recomendável é usá-los em conjunto com outras técnicas, como a leitura de candles e a identificação de padrões gráficos.

O livro cobre uma série de indicadores e deixa claro que novos são criados com enorme frequência. Por isso, é interessante sempre priorizar aqueles que se mantêm úteis e relevantes para os traders com o passar do tempo.

7. Planejamento de operações

Na parte final do livro, Lemos apresenta alguns capítulos com considerações que devemos levar em conta quando formos fazer as nossas operações.

Colocação de stops

As ordens do tipo stop têm diversas finalidades.

Quando colocamos um stop loss, definimos o preço de saída quando o movimento vai contra nós. Quando colocamos um stop gain, estabelecemos a meta de ganhos. Também há o stop móvel, que é ajustado automaticamente conforme o preço se movimenta na direção desejada.

Para colocar um stop loss, é fundamental que ele não esteja próximo do preço atual, já que uma movimentação um pouco maior que o esperado pode tirar você da operação precipitadamente. Máximos e mínimos, suportes e resistências, e indicadores são critérios que nos ajudam a definir onde colocá-lo.

Risco versus retorno

Sempre que for entrar em uma operação, avalie a relação risco/retorno, ou seja, verifique se o retorno esperado será maior que o risco envolvido.

Estar disposto a perder R$ 100,00 quando a expectativa de ganho é de R$ 200,00 seria uma relação risco versus retorno de 1 para 2, também representado como 1:2.

Diário de operações

Anote as suas operações, seja em papel ou planilha, para avaliar melhor o seu desempenho. Faça observações sobre a sua estratégia, seus lucros e perdas, como se sente física e mentalmente etc.

A ideia é aprender com os erros e ganhar consistência nos trades.

Psicologia do trader

Apesar de o foco do livro não ser a psicologia do trader, o autor deixa claro que o controle emocional é crucial para ter sucesso com essa atividade.

Precisamos lidar com o ego, o fracasso, a adrenalina e muitos outros fatores que favorecem a perda de controle. Por isso, a frase abaixo faz todo o sentido.

As palavras-chave para um trader são dedicação e disciplina.
— Flávio Lemos

E muito mais

Por fim, Lemos dá alguns exemplos de estratégias, fala de Price Action (tomar decisões apenas a partir do gráfico de candlesticks e da movimentação dos preços, sem indicadores), robôs de investimento e até de Bitcoin!

Chegando nos anexos, no primeiro deles temos um dicionário de padrões de candlesticks muito útil para consulta.


Diante de tantas informações de qualidade e das explicações que o Flávio Lemos entrega com clareza para a gente, devo dizer que o livro é recomendadíssimo para quem quer aprender análise técnica.

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