Memórias de um Operador da Bolsa

Memórias de um Operador da Bolsa

Conheça a história do excepcional trader Larry Livingston (ou seria Jesse Livermore?) segundo as palavras do jornalista financeiro e biógrafo Edwin Lefèvre.

Quem já leu Os Axiomas de Zurique provavelmente vai lembrar de um dos maiores especuladores que já existiu: Jesse Livermore.

Livermore foi um trader de muito sucesso durante as primeiras décadas de 1900, apesar de períodos de fracasso nas negociações e endividamento.

Apesar de o autor de Memórias de um Operador da Bolsa (também conhecido pelo título Reminiscências de um Especulador Financeiro) ser Edwin Lefèvre e narrar a história de um homem chamado Larry Livingston, é fato que os casos descritos no livro e as frases de impacto remetem à vida de Livermore.

Veja esta, por exemplo:

Existe o idiota, que sempre faz a coisa errada em todos os lugares, mas existe também o idiota de Wall Street, que pensa que deve operar o tempo todo. Nenhum homem pode sempre ter razões adequadas para comprar ou vender ações diariamente ou conhecimento suficiente para tornar sua jogada uma jogada inteligente.

Jesse começou trabalhando como garoto do quadro de cotações, depois ganhou dinheiro nas bucket shops (já vamos entender o que são) e fez fortuna na bolsa de Nova York, especialmente em momentos de pessimismo do mercado como em 1907.

Mas aqui não pretendo falar muito das histórias do livro, o que seria mais ou menos um resumo, como fiz no post do How I Made $2,000,000 in the Stock Market. Para esta resenha escolhi 5 tópicos do livro com os quais aprendemos mais sobre a história do mercado e como ter sucesso nas operações.

Confira!

Leitura da fita

Desde o primeiro capítulo o autor fala da importância da fita, que “a fita é o seu telescópio”, que é fundamental ler a mensagem que a fita transmite para fazer boas negociações.

Essa fita nada mais é que um papel em que eram impressas as cotações — lembrando que era o telégrafo um dos meios de comunicação mais eficientes da época.

Apesar de o livro não ensinar técnicas de leitura da fita (tape reading), sabemos que quem conhece do assunto é capaz de entender bem os movimentos do mercado e fazer operações de acordo com essa interpretação.

Trabalhando desde muito jovem como garoto do quadro de cotações em uma corretora, Livermore foi adquirindo essa habilidade ao longo de tempo.

Bucket shops

Jesse Livermore sabia ler a fita, mas seus primeiros ganhos não foram propriamente na bolsa de valores. Ele usava suas técnicas nas chamadas bucket shops, que eram uma espécie de casa de apostas.

Nelas, as pessoas poderiam apostar na alta ou na baixa de ações, mas não compravam ou vendiam os ativos efetivamente.

Livermore virou figura conhecida entre as bucket shops e em certo momento ficou difícil para ele encontrar uma dessas casas em que fosse bem-vindo. Esse foi um dos fatores pelos quais ele acabou se encaminhando para o mercado de verdade, na bolsa de Nova York.

Dicas quentes

Durante a leitura do livro, minha impressão foi que a mensagem que o autor mais teve preocupação em transmitir aos leitores foi a de não acreditar em dicas quentes.

Por dicas quentes eu quero dizer aquela sugestão de compra ou venda de algum ativo que parece infalível, como se a pessoa tivesse certeza do que vai acontecer no futuro.

Por mais que essas dicas venham de especialistas ou pessoas próximas em quem você tem total confiança, no mercado tudo pode acontecer.

Sendo assim, concordo com Livermore quando ele diz que “Um homem deve acreditar em si mesmo e em seu julgamento se ele espera ganhar a vida neste jogo.” Por mais que você siga recomendções de analistas, é

Preços em frações

Algo interessante de notar nesses livros mais antigos é que os preços das ações frequentemente aparecem na forma de frações, como $20 3/4, $89 1/4 ou $90 1/8, em que as frações são frações de dólar.

Ou seja, 3/4 = 0,75 centavos de dólar (cents); 1/4 = 25 cents; 1/8 = 12,5 cents e assim por diante.

É um pouco estranho ver essa representação porque na nossa bolsa no Brasil estamos acostumados à representação decimal, como em R$20,75; R$89,25 e R$90,12.

Contudo, na época em que se passaram os eventos do livro, a bolsa de Nova York ainda usava o sistema de frações — um legado que vinha do sistema de negociações espanhol. Isso durou até 2001, quando enfim alteraram para o sistema decimal.

Mais sobre preços de ações em frações: Investopedia.

Corner e Squeeze

As expressões corner e squeeze aparecem algumas vezes ao longo do texto e como não recebem uma definição precisa no livro, decidi deixar breves explicações aqui.

Um corner é como uma manipulação de mercado, em que um grupo ou indivíduo usa artifícios para inflar ou derrubar o preço de uma ação.

Imagine que um trader com grande influência nas redes sociais comece a exagerar nos elogios a uma empresa cujas ações ele tem em carteira, justamente para tirar vantagem disso. Podemos considerar um tipo de corner.

É uma atitude condenável, apesar de haver casos de corners não intencionais.

Já o squeeze é uma situação em que o mercado apresenta um viés claro de otimismo ou pessimismo e então algum evento desencadeia uma forte movimentação no sentido contrário.

Por exemplo: a empresa XYZ está passando por uma crise no seu setor e não mostra sinais de que vai se reinventar. O mercado se mostra bem pessimista e o preço da ação faz fundos cada vez menores.

Muitas pessoas decidem operar vendidas (short), pois querem lucrar com a queda. Então, por algum motivo os preços começam a subir rapidamente. A força compradora não mostra sinais de enfraquecimento. Os vendidos observam suas perdas ficarem cada vez maiores até que decidem finalizar suas operações.

Os stops dos vendidos nada mais são que compras, e por sua vez também contribuem para a força compradora. Temos assim um caso de squeeze, ou mais precisamente um short squeeze. Se fosse um squeeze contra os comprados, seria um long squeeze.


Portanto, espero que esses tópicos tenham inspirado você a ler esse livro que certamente é uma boa pedida para quem gosta de histórias do mercado financeiro.

Além das memórias — diga-se de passagem, “reminiscências” tem um significado muito parecido com “memórias” —, ele traz bons conselhos à altura do grande trader que foi Jesse Livermore.

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